segunda-feira, 12 de março de 2012

Advogado diz que já esperava Bruno tentar culpar Macarrão por crime


O advogado Wasley César Vasconcelos, que defende Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, disse nesta segunda-feira que já esperava que a defesa do goleiro Bruno Fernandes tentasse culpar seu cliente pelo crime. Rui Caldas Pimenta, advogado do atleta, admitiu a possibilidade de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro, estar morta, afirmando que o crime foi mandado por Macarrão.
"A gente esperava desde o início essas declarações para jogar a culpa no Macarrão. A única coisa que vou fazer sobre isso é tentar desmembrar o julgamento, justamente para evitar essas contaminações. Ele já está preso há um longo tempo, pegando cadeia por coisa que não fez."
Vasconcelos classificou como "infelizes" as declarações dadas por Pimenta. Para o defensor, a intenção de culpar Macarrão pela morte de Eliza "pode" estar partindo do próprio goleiro Bruno.

"O (Cláudio) Dalledone (advogado anterior de Bruno) saiu porque estava recebendo pressão para mudar sua estratégia. O Dalledone é um advogado muito íntegro, não quis passar detalhes, mas disse que deixou o caso por conflito entre a defesa técnica, feita por ele, e a autodefesa, no caso, o Bruno. Então a gente chega à conclusão de que o Bruno poderia estar por trás dessa pressão para culpar o Macarrão," afirmou.
Pimenta já havia dito anteriormente que o crime teria sido cometido por Macarrão e motivado por uma suposta "prova de amor" do amigo ao goleiro. "Então quem sabe o doutor Rui não traz alguma prova do crime, coisa que a polícia não conseguiu. Uma prova apenas, a ossada, fios de cabelo, o corpo, qualquer coisa. O que me espanta é que ele é um advogado experiente e nesse processo está metendo os pés pelas mãos," disse Vasconcelos.

Vasconcelos informou que o pedido de desmembramento do júri popular já foi feito, mas como já foi negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ele vai recorrer a instâncias superiores em Brasília.

Procurado, o advogado Rui Pimenta não se pronunciou sobre o caso. O advogado Cláudio Dalledone não foi localizado.

O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte.
Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

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